Em nome da produtividade

Esses dias (muitos dele) de letargia me têm feito mal (ou seria mau? Eu nunca sei a diferença direito e preciso pesquisar toda hora a grafia correta para minhas intenções, então em nome da malandragem direi que me faz mal – ou mau – nos dois sentidos, das duas grafias). Ficar parado me faz consumir muita coisa, mas infelizmente me tem deixado muito pouco produtivo no que diz respeito à emissão de conteúdo ( embora sua fabricação seja feita em escala industrial pois minha cabeça não para de criar coisas. Algumas delas até prestam, inclusive). Seja como for, acredito que a segunda coisa... não, a terceira... mais emblemática para mudar esse curso é uma nova postagem em blog. Pensando bem agora isso soa um pouco ridículo, mas vamos seguir com o plano. Disse o coringa, não com essas palavras mas enfim “pode dar a merda que for, desde que esteja de acordo com o plano”. Então o plano é esse. Fazer um post. No caso resolvi fazer um post sobre o que venho consumindo vorazmente e, se possível for, emitir uma ou outra opinião a respeito. Vamos à lista, pois bem.

Livros: realmente, livros me fazem bem. Honestamente ler livros, para além de toda idiotice de me enganar pagando de intelectual, é algo realmente prazeroso para mim. Qualquer livro, embora uns sejam mais interessantes do que outros. O ato de ler combina comigo. A introspecção, a apreensão e apreciação de uma história ou ampliação da minha cultura, útil ou não, é um grande tesouro para mim. Agora estou no terceiro quarto de um que não se trata realmente de uma grande surpresa, mas traz muitos valores no pacote. Trata-se dA Batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr. Esse autor eu conheci através do Nerdcast, podcast que acompanho semanalmente e que realmente recomendo (ver um possível post seguinte). O livro em si não me surpreende porque Eduardo é um cara de escrita correta. Acho que digo “correta” no que posso conceber como sentido mais pleno da palavra, pois não é algo que afere exaltação nem depreciação. Mas comecemos pelos aspecto não tão legal (para mim), pois quero dar destaque aos seus muito méritos.

Infelizmente, Eduardo Spohr tem algo que como uma perspectiva correta demais sobre as coisas. Como dizer isso... seus personagens falam de forma muito semelhante. Não em conceitos, mas em execução. Ablon, seu protagonista, um anjo de 15000 anos, fala e pensa como um grego de 30 anos, que fala como seu pai, de 50. Eu gostaria de mais tridimensionalidade nesse sentido. Gostaria de ver um cara de 15000 anos preocupado com outras coisas, ou melhor ainda, com uma outra postura a respeito do mundo e dos eventos, diferente de um sujeito de 50 anos. Bom, eu gostaria de ver um personagem falando gírias, talvez até com português ruim. Sabe aquele papo de que quando se é velho a perspectiva diante da vida é outra? Imagino isso mil vezes multiplicado. Ou então quando se tem uma vida de merda e as percepção das coisas, os valores e afins são diferentes? O dia que escrever meu livro terei isso em mente (ra ra ra). Mas não condeno completamente o autor por isso. Tem algo nas suas referências que caminha por aí, sobretudo no que diz respeito ao maniqueísmo dessa história em particular. E é esse maniqueiísmo que orienta A Batalha do Apocalipse. Tolken e muitas das histórias (animes em geral, alguns quadrinhos e etc) que tanto eu quanto o autor gostamos, trazem essa perspectiva preto-no-branco, mas, hoje eu prefiro contos com escalas de cinza. Acredito ser esse um dos grandes valores de uma literatura adulta. Talvez seja isso. A Batalha do Apocalipse, embora seja um ótimo livro, talvez não seja um livro tão adulto e sim um livro mais adolescente.

Mas, como eu ia dizendo, Eduardo Spohr escreve bem. Tem um vocabulário que eu espero encontrar em outros autores cascudos, como Bernard Cornwell ou Tolken. Spohr é um cara que, como eu, é apaixonado por literatura fantástica, influenciado por RPG, quadrinhos, filmes e etc. É um cara moderno e, eu arrisco dizer, um ótimo exemplo de nerd. Isso é um puta, mérito, ao meu ver. Mais do que isso, é um cara que, com essas referências, sentou a bunda e fez acontecer o que eu acho de mais fabuloso para pessoas como eu: escreveu um livro sobre isso. E tornou-se um autor nacional comercial. Comercial no bom sentido da palavra. Um autor cujo livro uma editora – e depois outra, vejam só! - olhou e disse “cara, as pessoas vão comprar sua história!”. E realmente compraram. No meu caso, especificamente, além da história ter um plot que me agrada, todo esse background do autor foi provocador do meu interesse. Certa vez tentei ler um outro autor nacional, André Vianco, mas apesar de gostar da temática Vampiro, eu não achei interessante a sua forma de tratar o assunto. Fiquei positivamente surpreso com a forma de Vianco trazer o pano de fundo para o Brasil (quase que uma “obrigação” de qualquer autor nacional ao contar uma história de ficção contemporânea, na minha opinião), mas eu sou realmente chato quando se trata de vampiros. Talvez seja o público cativo que tais contos atraem, talvez seja o engessamento atual do personagem Vampiro. Ou sua super-exploração. Na verdade, a última caracterização interessante que eu li foi o vampiro Cassidy, no quadrinho Preacher, de Garth Ennis. Seja como for, a temática de Spohr me soou mais interessante e por isso comprei seu livro.

Na verdade, na época que comprei, ele era distribuído pela Nerdbooks e estava prestes a ser lançado por outra editora, mais barato. Porém, em um mundo onde se consome tanto e muitas vezes de graça, acho que alguns valores devem ser agregados ao que escolhemos consumir. Esse livro no caso, agrega o valor do autor, como disse antes, a sua disposição de correr atrás e fazer seu livro ser publicado em qualidade que não deixa a desejar a nenhuma outra obra de grande porte, além da Nerdbooks em si, que pertence ao site  Jovem Nerd. Ora bolas, eu consumo o conteúdo desses caras de graça (claro, eles não fazem isso de graça, mas isso é outro papo) e achei, então, interessante comprar o livro nessas ircunstâncias. Ontem, inclusive, vi o livro uns 15 reais mais barato (talvez esse fosse quase o valor do frete, caso comprasse a esse preço), mas sinceramente estou muito feliz com minha decisão.

Ah, claro, a história do livro. Bom, não vou falar sobre a história do livro. Fica o link pro Nerdcast onde um episódio inteiro foi dedicado a falar – e fazer propaganda, porque não? - a seu respeito.

Isso ficou mair do que eu esperava, então vou ficar por aqui. Próximo post (que será publicado assim que eu atingir os 3 comentários de praxe), Laranja Mecânica (apenas papo furado, pois ainda não li o livro).