10 anos depois

"É simples assim. Apague as luzes e tranque a porta, se tiver coragem. Sim, se tiver coragem, porque o perigo não vem de fora. Vem de você mesmo. Tire sua roupa. Tire suas máscaras. Olhe-se. Não, não desvie o olhar. Olhe-se. Coragem, garoto! Veja como você é de verdade. Veja suas imperfeições, cicatrizes e morbidades. É assim que você é! Nada de pele sedosa, nada de sorriso branco, nada de olhar inocente. Não, você não é mais assim. Por quê? Venha, a resposta está nas sombras."

Isso é tudo que ele lembrava. O que era duas vezes estranho. Primeiro que não tinha nada de luz branca ou anjos cantando, como umas pessoas dizem e, segundo, porque 10 anos é tempo demais para apenas essas palavras. Se fosse lembrar de algo realmente original, Samuel estava triste de ser apenas o que ele acreditava ser um fragmente da morte. Ou quase-morte, como parecia ser mais apropriado. Mas havia uma diferença. O mundo não era mais o mesmo. Não pelas mudanças naturais da passagem do tempo. O mundo era diferente porque ele o via de forma diferente. Sua vida jamais seria a mesma.

2 comentários:

fernanda disse...

Que estranhas coisas nos reserva a vida... ou a morte;
que bom que tenha voltado a escrever!
bj, seu sumido!
lu

no hay otros paraísos que los paraísos perdidos. disse...

esse é um tema recorrente, né? as máscaras, tentar se enxergar sem elas... sabe, isso antes me assustava muito. aí foi pra fase em que tirar as máscaras se tornou necessário, algo como uma rebeldia de que eu precisava me servir para descobrir certas coisas... e agora, acho, convivo bem com os momentos sem máscaras e os momentos com. é bom. crescer é bom...