Nosso mundo livre
Um dia, quando eu for dono do mundo ou ao menos for Ministro da Fazenda, ou seja lá quem for o sujeito que invente o nome do dinheiro, eu vou chamá-lo de Liberdade. Aí, quando aluem chamar alguém para ir ao cinema, o outro pode dizer “hum, acho que posso, tenho $$$ liberdades, o que me permite pagar a passagem, a entrada e, talvez, uma pipoca. Infelizmente não tenho liberdade de comer no McDonaldas, mas tudo bem”. O que quero dizer com isso é um pouco maior do que uma piada tosca. É o seguinte: o discurso moderno, capitalista-democrático (burrr) sugere que todos podem fazer o que quiserem, desde que, claro, seja permitido por lei. Dizem que existem direitos iguais, mas isso é mentira. Não estou falando novidade nenhuma para maioria, mas, acreditem, tem gente que acredita de verdade nesse papo de direitos iguais. Então, imaginem uma corrida. Nela tem um sujeito montado em um cavalo daqueles treinados, de corrida mesmo, e o outro está montado em, digamos, uma tábua de passar roupa. Coitado, foi o que ele pôde comprar, ora. Velente, foi para a corrida mesmo assim. Muito bonito, muito louvável, e pode até ser que ele consiga colocar a tábua na garupa, sair correndo, o cavalo do outro camarada tropeçar ou ter um ataque epoplético no meio da corrida. Mas a menos que tudo isso aconteça, o sujeito da tábua vai perder. Pode ser um jóquei muito melhor, mais competente (supondo que teve dinheiro... ou liberdade... para treinar com um cavalo de verdade. Talvez alugar um, ou pegar emprestado com o coleguinha ao lado). Mas em um mundo normal uma tábua de passar jamais corre tanto quanto um cavalo de corrida, não importa o idiota que a monte. Sério, é verdade! Então, isso me leva ao ponto: em um mundo no qual as pessoas têm condições desiguais de progresso e oportunidade, não pode haver liberdade. Eu fiquei um pouco encucado com isso (o quem e levou a essas obviedades todas – desculpem) por conta de umas coisas que andei lendo e pensando. Sobretudo no que diz respeito a regimes políticos totalitaristas e a democracia propagandeada pelos países que, de alguma forma, lideram o (adoro essa expressão) “mundo livre”. Dizem que no regime totalitário o governo comanda o sujeito de acordo com seu interesse, que por isso ele é mau e cara-de-melão. Olha, que o totalitarismo, ao menos da forma que vimos até hoje (se é que há outra, vai saber...) não foi bom negócio em vários aspectos, essa democracia demagógica e hipócrita que nos trazem como alternativa também não vai bem das pernas. Se você tem um governo que é democrático, mas que por motivos econômicos omite informações do seu povo (talvez alguma coisa referente a uma certa gripe, por exemplo), ou investe em um certo tipo de combustível só pra se consolidar como grande fornecedor mundial dele, mesmo sabendo que é uma política muito da chinfrim frente a outras alternativas e retorno a médio e longo prazo, suponho que ele está deixando um pouco a desejar. O que diabos isso tem a ver com liberdade? Simples: se há manipulação não há liberdade. Manipulação de informação, de idéias, for formação da rapaziada que vai mandar amanhã no mundo. O que você acha que é uma propaganda? Foi-se o tempo que era somente a divulgação de algo novo (se é que um dia já foi só isso – provavelmente não). No dia que você viu, pela segunda vez um comercial de um produto, eles já estão dizendo “olha, esse treco existe. Não que seja importante o suficiente pra você lembrar dele sozinho e por isso venho por meio desta te lembrar, mas se você não tiver – seja lá qual for o produto – você será pior do que quem não tem”. E isso se torna ainda mais perturbador quando o produto em questão é uma idéia, uma forma de ver as coisas. Vendem conceitos, preconceitos, vende coisas que podem não se boas pra você. E quem controla isso? Bom, n regime totalitário é o Grande Irmão, mas aqui, na “democracia do mundo livre”... eu não sei. É uma engrenagem tão grande e complicada que o vendedor de arroz pode ter algum tipo de relação com o fabricante de bonecos do He-Man e, por isso, influenciaram nas decisões um do outro que, no dia que o He-Man aparecer comendo arroz em seu desenho você nem vai saber porquê. E certamente ninguém vai te dizer. Talvez o cara que plante feijão. Mas só se isso atrapalhar seus negócios.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Vitor, querido!
Realmente me sensibilizou! eu concordo com todas as vírgulas q vc postou.
A liberdade é falsa nesse mundo. Lembro-me bem de um livro q li, q nesse momento, é um best seller justamente por estarmos nessa lógica da liberdade capitalista, chamado "Pai rico, pai pobre". Nele é tratado questões financeiras e existenciais das pessoas com uma 'essencia' de pobre e de rico.
O rico vê o dinheiro como o meio de adquirir a liberdade para fazer as coisas. E eu acho q estamos nessa lógica, atualmente.
Temos, por direito, a 'liberdade de ir e vir. Mas se eu não tiver o dinheiro do pedágio, mesmo tendo o da gasolina, eu não chego em niterói.
Esse é só um dos zilhares de exemplos que poderíamos dar.
Gostei mto de vc ter falado disso. acho até q seu post merece destaque.
Um beijo grande!
Vitor, gostei muito do texto. Acho que vc tinha que divulgar mais seu blog, está propondo reflexões. Precisamos de mais liberdades assim. Tem uma frase do Fernando Sabino que eu acho muito interessante: "Democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida..." E o que se costuma dizer da democracia é que se deu a oportunidade da tábua de passar roupa participar da corrida.
Beijos e me ensina a baixar o sbrobow que me avisa dos textos novos!
Es dir die Wissenschaft. levitra ohne rezept kaufen viagra rezeptfrei forum [url=http//t7-isis.org]viagra kaufen rezeptfrei[/url]
Postar um comentário